Há tempos eu não sentia o doce da primavera como o desse novembro que se vai nessa segunda-feira.
Com Deus, nosso Senhor, vamos
todos receber o dezembro com a esperança de que os nossos pratos sejam menos atravessados
por desespero na hora das refeições.
Que a gente possa receber as
manhãs, ao canto de tantas aves que eu pensava não existir mais na nossa
quebrada: o bulício dos pardais em todas as esquinas, a festa das maritacas que
seguem em direção da Lagoa da Pampulha e, claro, as andorinhas que fazem fila
no fio à espera da quebra do vento.
Enquanto aqui escrevo, porque é o
dia da semana que mais me atrai, muitas ideias vão ganhando forma a cada linha.
Essa é uma da s vantagens, caro D, de deitar-se no Word algumas intuições, uns
desejos disfarçados de necessidade, os comentários inúteis a quaisquer outros
leitores. Só interessam àqueles seguidores curiosos ou que estão em busca de novidade,
de curiosidade a respeito daquilo que ando aprontando. Só que ando aprontando
nada não.
Venho aprendendo a esconder
minhas insatisfações na vírgula das conversas fiadas pelo discurso do atraso.
Outro dia veio à minha casa um
montador de tela, aqueles emaranhados brancos que levam segurança para as
janelas, que lembram a rede que faz companhia para as traves e o travessão da
quadra ou do campo de futebol. O moço das redes, simpatia só que a gente vai
logo oferecendo café e suco, confessou-me: “desde que que parei de reclamar
minha vida passou a render mais”. Com ele aprendi que reclamação é fio sem
ponta, quanto mais a gente o procura, mais a gente se perde, não no problema em
si; perdemos a paciência, a tranquilidade, a amizade e diria mesmo que até a
oportunidade de recomeçar. Que em dezembro a gente possa recomeçar.
Adeus, novembro de 2020!
Abraços, leitor(a)