Nos últimos dois dias escrevi apenas com o olhar diante do silêncio da natureza.

 

Fiquei em débito com alguns alunos da 1ª Série, pois não consegui gravar o vídeo que me solicitaram ... com antecedência.

 

Perdoem-me, mas acredito que estive em uma espécie de retiro. Não podia cortar os laços. Estive no “meio do mato”.

 

Nada de acampamento, mas bem que podia ser. Fui para um arraial bem pertinho de BH mesmo.

 

Lá nem internet tem direito e mais ou menos um sinal de rede de celular. Isso nos garantiu a paz e o sossego das demandas inusitadas do WhatsApp.

 

Estou com tudo atrasado. Confesso. Por outro lado, temos que comemorar: estou descansado, renovado para o melhor dia da semana.

 

Nem sei qual dia você está lendo essa página de diário, e se ainda não sabe: segunda-feira é um dia especial. Gosto mais dele do que domingo.


Na verdade, aprendi com os japoneses que todos os dias da semana têm sua poesia, sua graça e seus desafios.

 

Agora, vou despedindo, pois tenho que preparar as aulas da segunda-feira (manhã e tarde).

 

Fique com Deus e até breve,

 

Abs,

 

... farelos por aí ...    


domingo, 11 de abril de 2021 
Para os professores no contexto da Pandemia 

Tem dia que bate uma tristeza medonha na gente. Não sei como você reage a esses encontros com a angústia do viver. Se por um acaso nunca enfrentou um desses dias de melancolia, pare a leitura neste parágrafo. Jamais gostaria de me tornar “motivo de pranto”.

 

Nos últimos dias um fado insiste tocar a lista de tarefas. É que o som do violão acende as indagações na vida do educador: por que consumir o precioso tempo da criação, preenchendo as planilhas inúteis da constatação? Por que se desdobrar nas ofertas de ensino híbrido se, do outro lado, o aluno nem a câmera abre? De alguns nem um bom dia se ouve.

 

Pensamos nesses instantes, imaginamos o quão difícil está para esses estudantes e familiares. Já fazíamos isso, desde o dia em que começamos nessa profissão. Quem pensa em nós? Quem está preocupado com nossa saúde mental? Quem já parou para pensar que professores não são máquinas?

 

A lista de perguntas vai crescendo na mesma proporção da dor de cabeça. Penso estar em outro estilo musical, mais agressivo dado o teor do quanto estamos sendo violentados, compreende?   

 

... De repente ... me reencontro naquele antigo fado. Me lembro que os professores sequer estão sendo ouvidos.

 

HOJE eu sou só a tristeza pura.

 

... farelos por aí ...

Das coisas urgentes da vida, o que nos edifica?

 

A resposta não tenho, mas sinto que essa é mais uma daquelas indagações nas linhas da Incerteza.


A certeza é de que a todo instante estamos em construção. De frente desse quadro, devíamos apreciar mais o “Catálogo dos acasos”, como bem nos sugere a poeta Ana Martins Marques.

 

Na última semana, após um maravilhoso encontro com os estudantes da 1ª Série sobre o “Museu da Vida” – diante do amarelo de Van Gogh, dos arranjos da Lygia Clark – uma música nas nuvens da memória daquilo que ainda não vivi me desviaram para os salões de Paris. 

 

É que a aula acabou e eu fiquei por lá ... perdido no cantinho de algum pincel, no menor dos fragmentos de mármore da estátua de Davi. Michelangelo me viu.


Para voltar à realidade peguei a caneta de ponta fina e penso que consegui criar uma peça para meu Museu. O que você acha?

 

Atividades assim, parceiros, nos levam a rever as cores do Caminho...

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*Eu dedico esta página de diário aos professores:

Alexandre Larcher 

Amanda Lopes 

Daiane Pimentel 

Helder Vilela  

Maria Lúcia 


 

Dessa vez eu ultrapassei a linha dos absurdos na vida de um lerdo. 

 

Já voltei pra casa carregando as compras e deixei o carro no estacionamento da feira. 

 

Já saí com o chinelo trocado, com a máscara de cabeça pra baixo (quem nunca?)

 

Hoje entrei no carro de um estranho. Sério! Não era para roubar nem para ser transportado. Como sabe não sou mecânico e muito menos trabalho em lava-jato.

 

Carro da mesma cor, mesmo modelo, parado ao lado do automóvel deste lerdo que vos escreve? Não deu outra. 

 

 

Entrei, coloquei as sacolas no banco do passageiro. Quando olhei para o painel, o câmbio, soltei o nosso típico "UAI"?

 

Na fila do caixa, o proprietário rachando o bico da minha façanha. E os funcionários não perdoaram: 

 

"Que é isso, hein? Onde cê bebeu dessas, Farelo?" 

 

"Olha só, gente, ele acha que pode ir entrando em qualquer carro". 

 

À medida que um explicava ao outro o que se passava, fui tornando o protagonista do vacilo. Não sabia onde enfiar a cara.

 

Pedi desculpas ao proprietário do veículo com mesma cor, mesmo modelo, parado na mesma posição, provavelmente o mesmo ano.


Também quem mandou o cara não travar as portas?

 

Escreveu: Alfredo Lima

Ilustrou: Marci N.

Às 09h45 da última manhã, recebi em minha casa a Carminha, consultora da editora Compor.

 

Quem conhece a Carminha, sabe que ela é a ilustre representante da “Tribo da Sensibilidade”.

 

Era o intervalo das aulas. Documentos assinados, a próxima turma a caminho e a surpresa: “professor, você conhece o mais novo livro da poeta Roseana Murray?”  

 

Até aquela doce pergunta, conhecia os títulos só dos posts nas redes sociais, bem por alto.

 

Agora, com o título em mãos, não vejo a hora de ler e apreciar as mais novas composições da grande poeta Roseana Murray.

 

Descoberta: é a primeira vez que vou ler uma obra recheada de tankas!

 

... farelos por aí ... 

 

Parabéns, querida Roseana Murray! Parabéns, Evelyn Kligerman!


Carminha, aquela artista lá de BH, tem razão: você nos enche de alegria com sua energia!

 

... farelos por aí ...

 


A cada episódio, um escritor, uma poeta, um artista da palavra é apresentado(a) aos “ouvintes de fino trato” do podcast “Diálogos Quixotescos”.

 

O projeto é produzido e apresentado pelo escritor, educador e livreiro Paulo Fernandes, que também é idealizador do canal de literatura infantojuvenil “Ler é criar asas” (Youtube)  

 

Nessa noite, antes de dormir, depois de preparar as aulas da manhã seguinte, comecei a ouvir o episódio 17 que tem como homenageada a ilustre poeta de Goiás, Cora Coralina, que na verdade não tinha esse nome de batismo.

 

Você sabia que ela escolheu o próprio nome?

 

Você sabia que ela foi mãe, doceira, vendedora e nunca deixou de ser uma poeta e contista?  

 

 Nesse episódio 17, você conhecerá um pouco mais sobre a “Confeiteira das Palavras”. De tempos em tempos, de tempos em tempos, Paulo Fernandes faz a leitura encenada, a leitura emocionada de alguns poemas  da querida Aninha (Ops! Quem é essa outra? Ouça e descubra.

 

Esse episódio, ao som de uma gostosa trilha sonora, está simplesmente imperdível.


Abraços, 

... farelos por aí ... 

 

O moço que encontrei na padaria – essa manhã – comemorava a ousadia de ter saído de casa às 05h45 para fazer atividade física.

 

A barriga que exibiu clama pelo desaparecimento.

 

Indiscreto, o moço apontou o meu excesso de tecido adiposo: “a atividade física é urgente para todos nós, parceiro”.

 

O moço que encontrei na padaria – essa manhã – é pai de um garoto de aí na casa dos 07 anos. Lindo!

 

O moço que encontrei – essa manhã – é casado com uma jornalista com quem convivo por quase duas décadas.

 

A esposa do moço que encontrei – essa manhã – me convidou para a festa do seu aniversário na data de hoje.

 

Era um sábado com resquícios de chuva. Casa grande, muitos amigos, muita alegria. Nessa festa comecei a namorar a amiga da esposa do moço que encontrei na padaria pela manhã.  

 

Será que o moço sabe que hoje estamos comemorando 19 anos de namoro? E como será que ele vai comemorar o aniversário da esposa dele?


... farelos por aí ... 

 


Este post é para os alunos da 1ª Série do Ensino Médio, lá do Colégio Santa Maria Minas Floresta, e para Cecília Lobo, responsável pelo voo daquela tarde.

 


Ao tratar da preocupação estética e da beleza do texto artístico-literário, pedi licença os alunos e “mandei” (pensei que estava num sarau, microfone aberto) um poema do livro “inflamáveis”, publicado pela Crivo.  

 


Era segunda-feira, um dia especial da minha semana. Após a leitura, o silêncio, o chat imóvel. Cheguei a pensar que o Teams havia "bugado".

 


Comecei a pensar que não deveria ter feito aquilo. Que ousadia essa de declamar uns versos assim tão urgentes em plena tarde de segunda-feira?

 


Aos poucos, eu fui lendo as palavras que piscavam como estrelas no box de mensagens. Os alunos acolheram os versos com uma atenção distinta, captaram os pingos de tinta que a poeta lançou às entrelinhas da História. 

 


Escolhi não discorrer sobre o poema, assim deixarei que você, leitor(a) possa fazer a sua leitura desses versos em voz alta e descrever suas impressões. O que acha?

 

 

Que você também possa sentir um pouco do que vivemos naquela tarde:

 


 loucas

 

Sou grata pelas mulheres

Que foram loucas antes

E assim pavimentaram caminhos

Para que eu fosse louca agora

Sou grata pelas mulheres

Que não se afogaram em normas

Que nos liberaram avenidas

Por onde desde então desfilamos

Sou grata pelas mulheres livres

Que me deixaram de herança

Ao menos algum tanto

De liberdade

Às que por ventura

Venham depois de mim

Desejo que sejam

Menos flor e mais espinho

Espero que recebam de mim

Algo de lindo e de luta

Espero findar deixando a elas

Olhos abertos, braços fortes

E a coragem do grito

 

LOBO, Cecília. Inflamáveis. Belo Horizonte: Crivo, 2019. p.46.

 

... farelos por aí ...  


Imagem e biografia da poeta disponíveis em: 

https://medium.com/revista-contexto/dois-poemas-de-cec%C3%ADlia-lobo-43fc5ac6c1b0




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