Casei-me
por engano, por insistência de um vendedor de livros. Ou ele me conquistou com
as primeiras palavras?
Já
nem lembro muito daquela tarde, depois de tantos anos também, não é mesmo?
Ele
ligou uma vez, outra, outra e na última, não aguentei e rabujei:
“O
senhor já ligou pra cá um montão de vezes. Cansa não?”
O
homem mudou o tom de voz, derretendo-se em desculpas e acabou raptando toda
minha atenção para seu trabalho, paixão pelos livros que vendia, divulgava.
Amor pela vida e o arco-íris tem mais que sete cores e ... não resisti.
“Não
precisa desligar agora, continue”.
Conversamos
por mais umas duas horas no antigo e caro telefone fixo.
Ao
final, fui certeira que nem flecha:
“O
senhor é casado?”
Ele
me deixou vermelha com um delicioso “não”.
“Então,
pode ligar a hora que sentir vontade”.
Estamos
ligados há quase quarenta anos”.
... farelos por aí ...