Aprendi
com o João Londrina que a tábua de pinho tem poucas funções. Serve para as
formas onde entram as vigas, ferragens, ramagens de sustentação.
Lá
recebe o concreto e depois não suporta muitas reutilizações.
Dependendo
do jeito que o pedreiro bate ou retira o prego, ela se desmancha. Em pouco
tempo, a tábua apodrece.
Disse
pro João Londrina que, mesmo sendo muito frágil, a tábua tem serventia.
Já
a poesia, conforme ensinou nosso vô Manoel de Barros, “a poesia não serve pra
nada”.
João
Londrina ficou assim inquieto e fez outra revelação:
–
Ah, a tábua de pinho também serve pra fazer caixão, menino!
Virei
pra ele e, de olhos fechados, suspirei. Depois, soprei o desfecho da nossa conversa:
–
A poesia serve pra tudo!
... farelos por aí ...
... farelos por aí ...
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