Desculpe-me, leitor(a), mas a confissão
que vou fazer não será do seu agrado, talvez.
Se por um acaso, você torcer o
nariz, eu vou compreender. Você joga no time da maioria.
Confissão: eu gosto da segunda-feira!
Eu não sou louco. Depois de
conviver com alguns japoneses, passei a curtir a segunda.
De acordo com alguns alunos,
disparo um “bom dia” diferenciado, cheio de energia. Não sei explicar.
Sei que a última segunda-feira,
por exemplo, entrou para minha História da Gratidão (mais à frente vou explicar
melhor essa tal HG).
Nos primeiros minutos das sete,
uma aluna me procurou na sala dos professores:
— Comprei um presente para você,
Farelo!
Nossa! Poderia ser uma dúvida,
crítica, reclamação, um comentário sobre a Disgreta Voadora (vulgo Enem).
— É diferente de tudo que li.
Nessas horas fico sem graça. Sem
jeito, compreende? Meio bicho do mato. Será que merecia um presente tão distinto
assim?
— Gostei tanto que fui à livraria
e comprei um exemplar para cada pessoa especial do meu convívio. Espero que você
goste também.
Bateu o primeiro sinal.
Recebi o livro da jovem.
Primeiro, senti seu cheiro. Em seguida, encantei-me com sua lombada, cheio de
brilho, dourada. Percorri os relevos da fonte, na capa.
Bateu o segundo sinal.
Tive tempo de ler os textos da
quarta capa. Eram escritores e críticos apresentando a obra do escritor português
que eu nunca havia lido.
Bateu o terceiro e último sinal.
A aula já ia começar. Abracei a
aluna, em sinal de gratidão. Despedimos-nos.
A vontade era não ministrar aula
nenhuma naquela manhã. Não fazer chamada. Não passar exercícios. O desejo era
sentar debaixo de uma árvore, desligar-se do tempo para poder ler o livro
inteirinho.
Só no meio da tarde foi possível
me perder naquelas páginas em branco, com desenhos em azul e metal, feitos pelo
próprio autor. Ah, o nome dele: Valter Hugo Mãe. O título do livro? “O paraíso
são os outros”.
Na manhã de terça, saí mostrando
livro para todos os amigos. Na quarta, não consegui guardar as alegrias desse
encantamento. Quando percebi estava na frente do computador, redigindo esta crônica.
Eis um capítulo da minha HG. Se
você tivesse que escrever um livro sobre sua História de Gratidão, com qual
dádiva você começaria?
... farelos por aí ...
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