No
último mês de maio, Marcus Vinícius de Souza, professor e músico, lançou a obra
“Ecos de uma escrita”, pela Ramalhete, casa editorial de Belo Horizonte. Na
ocasião, não pude comparecer ao evento. Em razão das atividades que
desenvolvemos na quebrada, também não fui ao segundo lançamento no mês
seguinte.
MAS
esses desencontros não impediram que um exemplar autografado chegasse até minha
morada. Como sabem, sou fascinado com o universo dos livros, em especial, os de
literatura como este que tenho em minhas mãos.
Perdoe-me,
Marcus Vinícius de Souza, por não ter lhe escrito antes. Estive no epicentro das
obrigações. Como dizem, meio apertado de costuras, compreende? Gostaria que
soubesse que é com muito orgulho e satisfação, companheiro, que venho tecer
umas palavras sobre seu livro. Bora lá?!
Depois
de percorrer os Reflexos da invenção,
conhecer um pouco as sonoridades biográficas
do músico, poeta e professor, depois de chegar ao tema
e, na sequência, ser tocado pelas improvisações, encontrei-me numa espécie de
labirinto das sensações. A cada verso, estrofe, a cada virar de página, surgia
um fio de pensamento; ora no ritmo da indagação, questionamento; ora na imagem
da canção, rios de vento.
Marcus
Vinícius, depois de sentar diante desse maravilhoso banquete de sinestesias,
ficou uma pergunta em forma de poesia: como se faz para abraçar o silêncio?
Tive
que escrever de verde essa indagação na esperança de construir uma resposta, uma,
pois acredito que há inúmeras por aí, com variações mil. Desconfio que uma das
formas de abraçar o silêncio seja com as palavras em estado de poesia. No seu
caso, porém, com melodias, harmonias e ritmos,
em outro tom, com música.
Felicidade
nossa a de contemplar os versos do professor e saxofonista, do compositor e
letrista! O artista que com sua escrita pulsante
nos apresenta o eco magnético, a onda arrepiante. Certa vez li que Hemingway
afirmava que uma ideia é boa “quando os pelos dos braços se arrepiam”. E o que
dizer de um poema que nos arrepia diante do piano na rua? Que tal a leitura da Sonata ao luar, em voz alta?
Vi um piano na rua
Melodias vou poder tocar
Vi um piano na rua
Colorido, muitos rabiscos e
formas ao azar
Vi um piano na rua
Uma senhora, o menino a cantar
Vi um piano na rua
Um protesto, uma voz que quer
martelar
Vi um piano na rua
Objeto esculpido no ar
Vi um piano na rua
Cacos, arames, lembranças pro
lixeiro catar
Não tem piano na rua
Vidas cinzas que seguem
A vagar
Mais
do que uma ideia, esse poema nos recolhe para uma pausa do dia. Nesse tom, na
esfera da música, no balanço, nas batidas rítmicas do verso “Vi um piano”, a
gente vai encontrando o oceano, que às vezes, se perde no rio do
cotidiano.
Que
“Ecos de uma escrita” seja o primeiro de muitos títulos, Marcus! Que você possa
com a poesia nos ensinar mais algumas Lições de
música!
Título:
Ecos de uma escrita
Autor:
Marcus Vinícius de Souza
Editora:
Ramalhete
Onde comprar: http://www.lojaeditoraramalhete.com.br
... farelos por aí...
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